O incontornável e intemporal legado dos norte-americanos The Doors na música rock faz com que gradualmente tenha adquirido um carácter praticamente intocável. De facto, reinterpretar ou mesmo reproduzir os feitos de Jim Morrison, Ray Manzarek, John Densmore e Robby Krieger é uma tarefa complexa e intimidante, sendo poucos os que realmente se aventuram com sucesso em refazer alguns dos passos mais importantes na história do rock psicadélico e blues.
No passado dia 4 de Março a Cleopatra Records, de forma ambiciosa e, de certa forma, corajosa, lançou o álbum A Psych Tribute To The Doors. Uma colectânea que caminha quase totalmente em terreno psicadélico, em que os temas mais emblemáticos do colectivo oriundo de Los Angeles são reinterpretados por bandas como Elephant Stone, Psychic Ills, Dead Skeletons, Camera ou The Raveonettes.
Temas como L.A. Woman, Soul Kitchen ou Hello, I Love You transformam-se em viagens psicadélicas alucinantes, enquanto People Are Strange recebe laivos de krautrock e ritmos motóricos directamente de Berlim. A terminar surge ainda The End, cuja versão chega da Dinamarca numa toada de shoegaze delicodoce que nos faz recordar com saudade mais uma vez os norte-americanos, sem nunca insultar o trabalho original. Não estando isento de falhas - Roadhouse Blues acaba por se tornar uma cover banal -, são mais os pontos altos e a cara lavada de muitos dos temas, que nos fazem querer ouvir The Doors outra vez, ainda que numa reinterpretação refrescante e original.
Um best of de covers de uma banda que dispensa apresentações, agora com um twist em tons psicadélicos mais de 40 anos depois dos seus tempos áureos. A Psych Tribute To The Doors, para ouvir ao longo de toda a semana no FREEZE!, no Fahrenheit 107.9.
Eduardo Negrão
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