Chamam-lhes rufias
caóticos que não se conseguem controlar. Acusam-nos de aludir ao fascismo e de
provocar o horror dos fãs quando se masturbam em palco. Há quem fique ofendido com
as suas canções sobre pedofilia e há quem se revolte quando cantam sobre bombardear
a Disneyland. Como é que eles respondem? Com um novo disco, que, segundo
explicam ao The Quietus, é “mais pessoal e gráfico e tão honesto quanto
possível”. “Queríamos ver se conseguíamos chatear mais as pessoas”,
acrescentam. “É sempre divertido provocar pessoas”.
A resposta chama-se
Songs For Our Mothers, segundo longa-duração de Lias (voz), Saul (voz e
guitarra), Adam (guitarra), Nathan (órgão), Joseph (baixo) e Dan (percussão)
enquanto The Fat White Family. E se o antecessor – Champagne Holocaust, de 2013
– fazia tremer os mais sensíveis, o novo disco, lançado a 22 de janeiro pela Fat Possum Records, veio
provar que estes britânicos não só gostam de ver o mundo arder como têm todo o
prazer em deitar lenha nessa fogueira.
Variado no
conteúdo, o álbum apresenta influências do krautrock alemão, do space rock, mas
também do folk e do pop mais sereno. As faixas Whitest Boy On The Beach e Tinfoil
Deathstar, pelo ritmo acelerado e pelo balanço, contrastam com as mais negras e
pesadas Duce e We Must Learn To Rise, onde se ouvem coros de crianças
moribundas. Muito diferente destas é o belíssimo tema Goodbye Goebbels, que fecha o
disco com um hino cantado à volta da fogueira, acompanhado apenas por uma
guitarra acústica e um piano tímido.
Ao longo de
todo o disco, contudo, a música está recheada de uma atmosfera de desconforto verdadeiramente
inquietante. Os temas são densos, repletos de guitarras distorcidas,
vozes a conversar em fundo, coros assombrados, instrumentos desafinados e sinos
e órgãos de igreja com uns quantos tubos a menos. Se os The Fat White Family
não vivessem de cerveja, heroína e rixas de bares que acabam com dentes a voar,
seriam bem capazes do pop/rock mais acessível dos nossos dias. Mas é o
interesse que mostram pelo caos, pela confusão e pela desordem que torna a sua
música tão caraterística.
Deixemos que
nos provoquem durante esta semana, no espaço Freeze! do Fahrenheit, de terça a sexta-feira, entre as 14h
e as 15h, nos 107.9 da Rádio Universidade de Coimbra.
1 comentário:
E alguma da culpa disto tudo é dos emigrantes portugueses (principalmente os do "tunning") que vivem em South London! :-P
OE.
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