segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

FREEZE! : The Fat White Family - Songs For Our Mothers (Fat Possum Records, 2016)



Chamam-lhes rufias caóticos que não se conseguem controlar. Acusam-nos de aludir ao fascismo e de provocar o horror dos fãs quando se masturbam em palco. Há quem fique ofendido com as suas canções sobre pedofilia e há quem se revolte quando cantam sobre bombardear a Disneyland. Como é que eles respondem? Com um novo disco, que, segundo explicam ao The Quietus, é “mais pessoal e gráfico e tão honesto quanto possível”. “Queríamos ver se conseguíamos chatear mais as pessoas”, acrescentam. “É sempre divertido provocar pessoas”.

A resposta chama-se Songs For Our Mothers, segundo longa-duração de Lias (voz), Saul (voz e guitarra), Adam (guitarra), Nathan (órgão), Joseph (baixo) e Dan (percussão) enquanto The Fat White Family. E se o antecessor – Champagne Holocaust, de 2013 – fazia tremer os mais sensíveis, o novo disco, lançado a 22 de janeiro pela Fat Possum Records, veio provar que estes britânicos não só gostam de ver o mundo arder como têm todo o prazer em deitar lenha nessa fogueira.

Variado no conteúdo, o álbum apresenta influências do krautrock alemão, do space rock, mas também do folk e do pop mais sereno. As faixas Whitest Boy On The Beach e Tinfoil Deathstar, pelo ritmo acelerado e pelo balanço, contrastam com as mais negras e pesadas Duce e We Must Learn To Rise, onde se ouvem coros de crianças moribundas. Muito diferente destas é o belíssimo tema Goodbye Goebbels, que fecha o disco com um hino cantado à volta da fogueira, acompanhado apenas por uma guitarra acústica e um piano tímido.

Ao longo de todo o disco, contudo, a música está recheada de uma atmosfera de desconforto verdadeiramente inquietante. Os temas são densos, repletos de guitarras distorcidas, vozes a conversar em fundo, coros assombrados, instrumentos desafinados e sinos e órgãos de igreja com uns quantos tubos a menos. Se os The Fat White Family não vivessem de cerveja, heroína e rixas de bares que acabam com dentes a voar, seriam bem capazes do pop/rock mais acessível dos nossos dias. Mas é o interesse que mostram pelo caos, pela confusão e pela desordem que torna a sua música tão caraterística.

Deixemos que nos provoquem durante esta semana, no espaço Freeze! do Fahrenheit, de terça a sexta-feira, entre as 14h e as 15h, nos 107.9 da Rádio Universidade de Coimbra.

1 comentário:

Anónimo disse...

E alguma da culpa disto tudo é dos emigrantes portugueses (principalmente os do "tunning") que vivem em South London! :-P

OE.