Em termos musicais, 2016 tem-se revelado como o ano das despedidas, quer dado o falecimento súbito de lendas musicais como David Bowie ou Prince, quer por álbuns que parecem querer servir de epilogo para o curriculum musical de nomes como Leonard Cohen ou Radiohead. Neste ambiente de despedidas, os The Dillinger Escape Plan decidiram terminar uma carreira que abrangia quase duas décadas de maneira repentina com o seu sexto longa-duração de originais, intitulado "Dissociation". A razão principal para tal decisão deveu-se ao desejo da banda de quererem sair da ribalta enquanto a plateia ainda aplaude e levou a que não poupassem esforços para que este capitulo final se demarcasse da discografia anterior.
E embora tal tarefa parecesse algo estarrecedora, dada a potência ainda hoje impetuosa de trabalhos como "Miss Machine" ou "Ire Works", o sucessor de "One of Us Is the Killer" demarca-se como uma ode final digna de encerrar com chave de ouro este portefólio musical deste grupo de Nova Jérsei composto por riffs estridentes codificados por infraestruturas rítmicas cuja complexidade se aproxima mais dos campos musicais do jazz progressivo do que da genérica música pesada. Acresce aqui igualmente a audácia da banda ao incorporar elementos de cariz mais electrónica, o que só comprova que o colectivo liderado por Greg Pucciato fez questão de levar a cabo o seu espírito experimentalista até à nota final.
Final esse que, parafraseando a famosa citação de T.S. Elliot, entende-se não como um suspiro, mas como uma explosão. Várias até, desde a tensão multiplicada de "Limerent Death" à emoção etérea do tema-título que encerra não só o disco, mas toda a carreira dos The Dillinger Escape Plan. Um canto do cisne de um dos mais emblemáticos projectos do metal moderno, "Dissociation" é o destaque Freeze! desta semana, que poderão ouvir das 14h às 15h na sintonia dos 107.9 FM.
Pedro Nora
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