Às portas da época estival, buscando uma solução/inspiração sonora de fundo, não para uma dança da chuva, mas para um Hula Ku'i capaz de captar a atenção do semi-desaparecido astro rei Sol e convencê-lo a visitar terras lusas com um pouco mais de frequência - decidimos chamar os xamãs de serviço Beach Skulls e dar o merecido destaque FREEZE! ao seu segundo e mais recente trabalho - Las Dunas - panaceia recomendada, em doses moderadas, para os nostálgicos veraneantes ansiosos por calor...
Formados em 2011, os Beach Skulls, são um trio composto por Ry Vieira (voz e guitarra), Jordan Finney (bateria) e Dan West (baixo). Evocam com a sua música imagens de climas mais quentes, sem perder pista do enraizado estilo lírico mancuniano, sombrio, reflexo da região de onde são oriundos - nordeste da Inglaterra - país onde por norma impera, Estios dados ao frescor, nebulosidade e precipitação, muito mais convidativos a viver o Verão na acalmia campestre e verdejante do que numa praia cinzentona, fria e chuviscante. É assim que a geografia e a inspiração fazem dos Beach Skulls especialistas na arte de (tele)transportar-nos para o imaginário das costas ora exóticas e paradisíacas, ora luminosas e solarengas da Califórnia, do Hawaii ou mesmo da Austrália, através da sua música, com claras influências do garage rock/pop, algum psicadelismo, punk e dream pop, até mesmo com alguns pozitos do grunge contemporâneo de Kurt Cobain, sem nunca perder o norte do principal referente deste trio inglês: Dick Dale - guitarrista norte-americano, criador pioneiro do surf rock.
Las Dunas, álbum editado a 1 de Junho com selo da PNKSLM Recordings, marca uma nova etapa para a banda, que contempla mudar-se permanentemente para Barcelona até o final deste Verão, por considerar ser o seu verdadeiro habitat natural, muito mais condizente com a sua estética ensolarada, com o clima e com o estilo de vida descontraído, sempre rodeado de grande manifestação artística. Em Las Dunas, as melodias são difusas e arenosas, com um cunho Lo-Fi desalinhado e de surf rock soalheiro, por vezes mal-humorado, sem fixação por uma época ou género musical específico. O título em espanhol é uma homenagem às obras de arte e fotografia produzidas no sul dos Estados Unidos que inspiraram Finney em particular, bem como à obra literária Duna de Frank Herbert, lida entre pausas, durante a produção do álbum.
O sucessor do disco de estreia Slow Grind de 2016, foi feito sem pressões nem grandes pressas, com o devido tempo para sentar e beber algumas cervejas e tentar coisas diferentes, em suma profundizar. A paleta sonora foi estendida e houve um maior esforço para diversificar em termos líricos - para trás ficam as canções sobre amor, para avançar com letras um pouco mais filosóficas, mais instigantes e mais centradas na omnipresença dos média, da ansiedade que causam e na luta pela positividade, traçando um olhar mais amplo sobre a sociedade actual, batalhando contra a sensação letárgica de ver a vida passar num ápice.
Las Dunas dos ingleses Beach Skulls é o disco sugestão para afugentar nuvens cinzentas e morrinha, a escutar e explorar ao longo desta semana no Fahrenheit 107.9, de 2af a 6af no éter da Rádio Universidade de Coimbra, na frequência dos 107.9 FM ou para todo o mundo através de ruc.pt
Sonya SP
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