terça-feira, 6 de dezembro de 2011

In a Fung Day T! - O Novo Testamento ou a Salvação segundo os Duchess Says



Vêmos treta a jorrar de todos lados. Dos media, dos dirigentes desportivos, dos políticos, dos agentes imobiliários, dos mecânicos, das seguradoras, dos operadores de call-center, dos Hélderes, dos médicos oncologistas, da constituição da républica portuguesa.
Se me dizem eu acredito.
Os Duchess Says dizem que há uma só religião, a igreja do piriquito. Que a sua prática requer uma conduta rigorosa. Dizem que o seu culto pode ser prestado em qualquer sitio do mundo, desde que devidamente equipado com uma máquina de finos e um sistema que cague som.
E que som?
Em 2008, Anthologie des 3 Perchoirs eram sintetizadores a imitar vozes esganiçadas e vozes esganiçadas a imitar sintetizadores, era uma guitarra de afinação duvidosa, carregada de ruido que podia vir de qualquer ponto do circuito eléctrico (senão de todos), tinha uma bateria de fanfarra ou uma batida de dança.
Em 2011, In a Fung Day T! "ce la meme chose”, excepção feita à predominância da bateria convencional face à percurssão electrónica que apenas se escuta em S.O.H..., podia ser pior. Todos temíamos que a boa recepção e a aclamação unânime da crítica de que foram alvo logo ao primeiro álbum, mimasse em demasia esse "bicho do mato" que são os Duchess Says. Tal não aconteceu, embora não se note nenhuma canção realmente disrruptiva como as havia em Anthologie des 3 Perchoirs (Lip Gloss Babyla, CH. O. B.), embora cada vez menos façam lembrar os Les Georges Leningrad, embora nunca se imaginasse que podessem escrever uma canção como Yellow Pillow onde a menina A-Claude aparece a cantar como se tivesse andado em digressão com os Yeah Yeah Yeahs. Bem, se calhar mudou uma coisita ou outra.
A capa do disco por exemplo. Mudou completamente.
Agora mais a sério, a capa remete-nos para um futurismo russo, panfletário, politizado, esquerdista, que adivinha canções como L'ordre des secteurs, Time to Reiterate, Subtraction of Obedience, ou a indispensável homenagem a Mayakovsky. Duchess Says é Punk-Rock. É tempo dele.

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