Os Black Bombaim nos últimos anos afirmaram-se como um dos nomes de peso no panorama do rock nacional. No início, Saturdays & Space Travels deixava-nos completamente siderados durante 40 minutos de puros riffs e ritmos psicadélicos galopantes. Em 2012, surge Titans, onde, acompanhados por nomes de peso - Adolfo Luxúria Canibal, Noel V.Harmonson, Steve Mackay, entre outros - subiram a fasquia bem alto com composições novamente longas, aprimorando todo o psicadelismo com as várias influências dos múltiplos contributos.
Passados 2 anos surge o novo longa-duração, intitulado Far Out, lançado no dia 4 de Maio pela Lovers & Lollypops a nível nacional, e pela Cardinal Fuzz para o resto do mundo. Com tudo tão afinado antes desta edição, o que têm os barcelenses a oferecer de novo? Para explicar isto, é preciso recuar a 2012, altura em que o saxofone de Rodrigo Amado se aliou às guitarras da terra do infame galo, resultando na faixa Marraquexe, onde éramos levados até ao Norte de África e, se fechássemos bem os olhos e nos deixássemos embalar, quase conseguíamos visualizar um belo tagine quentinho à nossa frente, com as suas fragrâncias a acariciar o nosso bulbo olfactório.
Se existe algo em que os Black Bombaim conseguem sobressair, é precisamente nesta capacidade de nos levar em viagens a lugares incertos. Ao ritmo deles, não temos pressa, sabemos que lá chegamos eventualmente, e quando o fazemos, queremos rapidamente voltar ao início para desfrutar de tudo outra vez. Far Out não é nada mais do que embarcar em mais uma viagem num comboio a partir de Barcelos. Desta vez, depois de uma pequena paragem em Marraquexe, aventuramo-nos pelo denso continente africano com Africa II. O baixo de Tojo Rodrigues marca o ritmo pesado que delineia o caminho, abrindo as portas para os riffs de Ricardo Miranda e a secção rítmica de Paulo Gonçalves. Mais à frente, junta-se novamente Rodrigo Amado com o gritante saxofone, improvisando sobre um pano de fundo de rock psicadélico sólido, fruto de muita experiência e rodagem ao vivo. A segunda (e última!) faixa, Arabia transporta-nos para territórios mais ásperos e secos, por entre uma tempestade de guitarra frenética e esquizofrénica, complementada pelos sintetizadores de The Astroboy, outra das surpresas deste novo álbum.
Os Black Bombaim provam que ainda nos conseguem surpreender e que o lugar cativo no panorama do rock nacional já ninguém lhes pode retirar. Continuamos a apanhar boleia em viagens pintadas em tons psicadélicos cheias de peso, quase sem tempo para respirar. Tal como eles próprios disseram, "para ouvir uma coisa em condições tem de ser do início até ao fim", algo que se volta a aplicar na perfeição neste novíssimo "Far Out". Portanto façam um favor a vocês mesmos e arranjem uma bela poltrona, sentem-se bem e ouçam do princípio ao fim. Se se sentirem extra-preguiçosos, podem fazê-lo aqui. Ou então liguem-se na antena da RUC esta semana entre as 14h e 15h, é "Far Out" o protagonista em mais um destaque FREEZE!
Eduardo Negrão
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