Depois de terem passado pelo Palco RUC na edição deste ano da Queima das Fitas de Coimbra, os Flamingods regressam às edições com "Majesty", o seu terceiro disco de originais e LP de estreia da banda na Soundway, editora de Brighton que desde 2002 se têm afirmado na difusão da world music, quer em colectâneas que destacam variados artistas de diversas décadas e ou nações, quer em trabalhos de estúdio de colectivos contemporâneos como os brasileiros Fumaça Preta.
E o catálogo da editora prova ser o ideal para acolher o quinteto formado por Kamal Rasool, Charles Prest, Karthik Poduval, Sam Rowe e Craig Doporto, que desde o seu EP de estreia ("Waves Waves Waves Waves Waves", de 2009) se prestam a reunir o máximo possível de influências musicais de todos os cantos do mundo e trasladá-las através de prismas repletos de psicadelismo. E embora tal confira uma sentido de jornada a todos os trabalhos anteriores da banda, a verdade é que com este "Majesty", os londrinos reinventam-se aqui ao acrescentar um cariz narrativo à sua sonoridade.
De facto, este novo disco revela-se como o primeiro álbum conceptual da banda, na medida em que, seguindo a tradição de narrativas musicais como "Tommy" ou "The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars", acompanha a protagonista Yuka numa viagem de auto-descobrimento introspectivo que igualmente se revela como um vislumbre aos confins metafísicos que separam a luz da escuridão. É essa natureza dualista que confere a cada metade desta "ópera rock" sensações ora aprazivelmente solarengas ora de um ocultismo ritmado, a condizer com a dicotomia dia/noite.
Um ying-yang musical que, depois de ter sido vislumbrado no Palco RUC deste ano, apresenta-se agora em toda a sua plenitude no éter dos 107.9 FM como o destaque Freeze! desta semana, que os ouvintes poderão experienciar em primeira mão de segunda à sexta, das 14h às 15h.
Pedro Nora
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