Vinyl Williams - Lemniscate (self released 2011)
Lionel Williams é o designer frustrado que depois de anos a conceber sites, cartazes, flyers e outros artifícios de publicidade decide matricular-se numa escola de arte. O Photoshop, ferramenta cujo domínio o distingue dos demais colegas de curso, artistas em potencial que como ele procuram legitimar a sua condição como tal, conduziu-o a uma expressão artística centrada na colagem e na sobreposição de “layers” (ou camadas, se quisermos utilizar uma linguagem não photoshupista). Estas imagens criadas por Lionel Williams são segundo o próprio, arte surrealista inspirada por “imagética religiosa, sensacionalismo místico, localizações sagradas e alguns conceitos psicadélicos”. Lionel Williams fala da sua obra com o misticismo, propriedade, presunção e legitimidade de um Sun Ra ou de um Scratch Lee Perry, mas Lionel tem apenas 21 anos e esta aventura artística começou apenas em 2010. Descaramento? Sim muito. Não há nada que em Lionel nos apaixone, é mais fácil tomá-lo por um charlatão da “escola facilitista” do que por um génio ou mesmo por um gajo porreiro. Mas aqui entra Vinyl Williams, qual forma resolvente nesta equação de resolução inverosímil.
Uma das suas primeiras fotos foi tirada pelo seu pai em 1990 onde o pequenito está aos comandos de uma mesa de 24 pistas da Alesis de 1980, Williams tinha 9 meses. O seu pai trabalhava como produtor num estúdio de gravação na costa oeste dos estados unidos, como tal, Williams passou por lá toda a sua infância, estamos a falar dum periodo em que se transitava da música chunga dos 80’s para a música chunga dos 90’s, e as pessoas que passavam pelo estúdio eram já Trancers mas ainda obcecados pela “Africa” dos Toto. Este é pormenor biográfico mais relevante na formação musical de Vinyl Williams. Sabe o que é mau e, mais importante que tudo, sabe como fazer bem.
Lemniscate é o primeiro longa duração de Vinyl Williams, editado pelo autor no Band Camp. E porque é que tão modesta edição merece tão honroso destaque? Porque Lemniscate tem tudo. Deerhunter, Radiohead, os Flamming Lips em Embrionic, Fujiya & Miyagi, Roxy Music, Tame Impala e por aí em diante. Tudo o que é bom está aqui. A produção é exemplar, as canções não admitem uma direcção nem se preocupam com um destino, mas no entanto há uma evolução panorâmica de assalto ao tímpano, de forma faseada pela direita e pela esquerda, sem chegar a lugar algum. E é tão bom…
Não vou falar do disco. Está em audição no F107.9 esta semana e disponível aqui para download gratuito: http://www.mediafire.com/?7c1hy3mjkcbxjck
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