Black Bombaim
Domingo,
28 de Outubro, segundo e último dia do AMPLIFEST 2012. A equipa do
Fahrenheit 107.9 regressa ao Hard Club para aquela que seria uma
noite no limite do épico. Da forma mais directa possível, os Black
Bombaim, ao final da tarde de domingo, deram aquele que terá sido um
dos melhores concertos da banda. Ninguém pode desmentir o poder do
disco lançado este ano, Titans, que encheu a sala grande do Hard
Club com o psicadelismo rigoroso a que já nos habituaram. De realçar
a harmonia e perfeccionismo do trio de Barcelos, que teve o apoio de
dois convidados em palco: Tiago Jónatas no theremin e Pedro Sousa no
saxofone barítono.
Necro Deathmort
Por volta das 18h30, começou o concerto dos britânicos Necro Deathmort, na sala 2 do Hard Club. Ambiente negro como se queria, questionamo-nos se descemos ao inferno. Electrónica, industrial, dub, acima de tudo há algo de mórbido nos Necro Deathmort mas, ao mesmo tempo, se afinal é isto o inferno, queremos ficar. Sintetizadores, distorção, doom, tudo conjugado e muito bem pensado, bem como o fumo que estava na sala, tornaram a actuação do duo num momento de introspectiva e de veneração do oculto.
Oxbow Duo
Já no final da primeira tarde de Amplifest, foi a vez dos norte-americanos Oxbow Duo pisarem o palco do Hardclub. Os originais Oxbow viram-se reduzidos à dupla constituída por Eugene Robinson e Nikko Wenner, monstrando que, mesmo sem qualquer tipo de percussão, são capazes de apresentar um espectáculo de alta qualidade. Nikko, na guitarra, criou o pano de fundo, ora agitado e agressivo, ora lento e melódico, sobre o qual Eugene mostrava todo o potencial da sua voz, muitas vezes quase sem a necessidade de um microfone. Acessíveis e bem dispostos, comunicaram várias vezes com o público e souberam cativar a sala portuense logo desde a primeira faixa. O carisma e a imponência física de Eugene foram claramente um forte catalisador do concerto, que teve direito a várias mudanças graduais na indumentária do frontman do duo. As sonoridades blues aliadas ao noise rock nunca soaram melhor, naquele que foi um dos concertos do festival.
Ufomammut
Após uma pausa para jantar, por volta das 20h30, começava o concerto dos italianos Ufomammut. Esta actuação foi a melhor sobremesa possível, na medida em que o segundo dia do festival foi ganhando mais e mais qualidade. Com uma execução perfeita, o trio oriundo de Itália conquistou todos os que estavam na sala 1 do Hard Club. É difícil transmitir em palavras o que se sentiu durante Empireum, do disco lançado este ano Oro – Opus Primum. Podemos agora, depois do tão superior concerto no Amplifest 2012, idolatrar o doom tão característico dos Ufomammut e esperar que voltem mais vezes a Portugal, porque nós queremos estar lá.
GY!BE
A
ansiedade e o burburinho sentiam-se no ar. Os Godspeed You! Black
Emperor (GY!BE) não vinham a Portugal desde 2003, ano em que
cessaram temporariamente funções, e o facto da maior parte dos
presentes não os ter visto nessa ocasião aguçava ainda mais o
apetite e a curiosidade. Considerados por muitos como uma das bandas
responsáveis por alguma da música mais pertinente dos últimos 15
anos, as actuações ao vivo deste colectivo de Montreal têm fama de
serem, a par da sua música, simultaneamente épicas e
misteriosas.
Constituídos
por oito membros em palco (três guitarras, um baixo, um contrabaixo,
duas baterias e um violino), mais um nono, responsável pelas
projecções em fita de 16 mm que acentuam a faceta visual e trágica
da música destes canadianos, os GY!BE raramente comunicam (pelo
menos verbalmente) com o público. Na noite de 28 de Outubro
fizeram-no por duas vezes, e a culpada foi sempre a mesma: uma
guitarra endiabrada, que impediu que ouvíssemos “The Sad
Mafioso...”, o que deixou um sabor amargo na boca de muitos dos
presentes.
Durante
praticamente duas horas, fomos brindados com a habitual introdução,
“Hope Drone” (que acompanhou a entrada um a um dos membros da
banda), seguida de uma amostra do último disco, com o pós-rock
arábico de “Mladic”. Esta foi de resto, a única incursão pelo
recente “Allelujah! Don't Bend! Ascend!”. Seguiu-se a muito
celebrada “Sleep” (mal se escutou a introdução desta, muitas
foram as vozes de regozijo), para a seguir mergulharmos de cabeça
nos 45 minutos que constituem a novíssima “Behemoth”. A pedido
do público, a banda ainda tentou encetar um encore, mas os problemas
técnicos ditaram que este se resumisse a um improviso drone de 10
minutos por metade dos elementos. Um final “trágico” que ajuda a
perpetuar na memória a apoteose deste final memorável da segunda
edição do Amplifest.
Texto:
Eduardo Negrão, João Fernandes e Tânia Cardoso
Fotos:
Eduardo Pinto
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