quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Amplifest #2 28 de Outubro de 2012


Black Bombaim
Domingo, 28 de Outubro, segundo e último dia do AMPLIFEST 2012. A equipa do Fahrenheit 107.9 regressa ao Hard Club para aquela que seria uma noite no limite do épico. Da forma mais directa possível, os Black Bombaim, ao final da tarde de domingo, deram aquele que terá sido um dos melhores concertos da banda. Ninguém pode desmentir o poder do disco lançado este ano, Titans, que encheu a sala grande do Hard Club com o psicadelismo rigoroso a que já nos habituaram. De realçar a harmonia e perfeccionismo do trio de Barcelos, que teve o apoio de dois convidados em palco: Tiago Jónatas no theremin e Pedro Sousa no saxofone barítono.
Necro Deathmort
Por volta das 18h30, começou o concerto dos britânicos Necro Deathmort, na sala 2 do Hard Club. Ambiente negro como se queria, questionamo-nos se descemos ao inferno. Electrónica, industrial, dub, acima de tudo há algo de mórbido nos Necro Deathmort mas, ao mesmo tempo, se afinal é isto o inferno, queremos ficar. Sintetizadores, distorção, doom, tudo conjugado e muito bem pensado, bem como o fumo que estava na sala, tornaram a actuação do duo num momento de introspectiva e de veneração do oculto.

Oxbow Duo
Já no final da primeira tarde de Amplifest, foi a vez dos norte-americanos Oxbow Duo pisarem o palco do Hardclub. Os originais Oxbow viram-se reduzidos à dupla constituída por Eugene Robinson e Nikko Wenner, monstrando que, mesmo sem qualquer tipo de percussão, são capazes de apresentar um espectáculo de alta qualidade. Nikko, na guitarra, criou o pano de fundo, ora agitado e agressivo, ora lento e melódico, sobre o qual Eugene mostrava todo o potencial da sua voz, muitas vezes quase sem a necessidade de um microfone. Acessíveis e bem dispostos, comunicaram várias vezes com o público e souberam cativar a sala portuense logo desde a primeira faixa. O carisma e a imponência física de Eugene foram claramente um forte catalisador do concerto, que teve direito a várias mudanças graduais na indumentária do frontman do duo. As sonoridades blues aliadas ao noise rock nunca soaram melhor, naquele que foi um dos concertos do festival.
Ufomammut
Após uma pausa para jantar, por volta das 20h30, começava o concerto dos italianos Ufomammut. Esta actuação foi a melhor sobremesa possível, na medida em que o segundo dia do festival foi ganhando mais e mais qualidade. Com uma execução perfeita, o trio oriundo de Itália conquistou todos os que estavam na sala 1 do Hard Club. É difícil transmitir em palavras o que se sentiu durante Empireum, do disco lançado este ano Oro – Opus Primum. Podemos agora, depois do tão superior concerto no Amplifest 2012, idolatrar o doom tão característico dos Ufomammut e esperar que voltem mais vezes a Portugal, porque nós queremos estar lá.
GY!BE
A ansiedade e o burburinho sentiam-se no ar. Os Godspeed You! Black Emperor (GY!BE) não vinham a Portugal desde 2003, ano em que cessaram temporariamente funções, e o facto da maior parte dos presentes não os ter visto nessa ocasião aguçava ainda mais o apetite e a curiosidade. Considerados por muitos como uma das bandas responsáveis por alguma da música mais pertinente dos últimos 15 anos, as actuações ao vivo deste colectivo de Montreal têm fama de serem, a par da sua música, simultaneamente épicas e misteriosas.
Constituídos por oito membros em palco (três guitarras, um baixo, um contrabaixo, duas baterias e um violino), mais um nono, responsável pelas projecções em fita de 16 mm que acentuam a faceta visual e trágica da música destes canadianos, os GY!BE raramente comunicam (pelo menos verbalmente) com o público. Na noite de 28 de Outubro fizeram-no por duas vezes, e a culpada foi sempre a mesma: uma guitarra endiabrada, que impediu que ouvíssemos “The Sad Mafioso...”, o que deixou um sabor amargo na boca de muitos dos presentes.

Durante praticamente duas horas, fomos brindados com a habitual introdução, “Hope Drone” (que acompanhou a entrada um a um dos membros da banda), seguida de uma amostra do último disco, com o pós-rock arábico de “Mladic”. Esta foi de resto, a única incursão pelo recente “Allelujah! Don't Bend! Ascend!”. Seguiu-se a muito celebrada “Sleep” (mal se escutou a introdução desta, muitas foram as vozes de regozijo), para a seguir mergulharmos de cabeça nos 45 minutos que constituem a novíssima “Behemoth”. A pedido do público, a banda ainda tentou encetar um encore, mas os problemas técnicos ditaram que este se resumisse a um improviso drone de 10 minutos por metade dos elementos. Um final “trágico” que ajuda a perpetuar na memória a apoteose deste final memorável da segunda edição do Amplifest.


Texto: Eduardo Negrão, João Fernandes e Tânia Cardoso
Fotos: Eduardo Pinto

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